Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
A gente sempre tem na memória aquelas lembranças da nossa infância que ficaram marcadas para o resto da vida. Depois de adulta, conviver com crianças me faz entender a pureza e a inocência com que elas enxergam o mundo. Tenho trabalhado há alguns anos em projetos sociais e nesse caminho encontro crianças e adolescentes em situações de extrema vulnerabilidade social, expostas a diversas formas de violência, inclusive ao abuso e à exploração sexual infantil.
A exploração consiste em usar a criança ou adolescente como meio de faturar dinheiro, ofertando o menor como ‘’objeto’’ de satisfação sexual. Isso é uma ameaça universal que independe do status econômico do país ou de seus cidadãos. A problemática da exploração sexual infantil é algo que deveria ter mais visibilidade e ser mais debatido e dialogado, não só em espaços públicos, mas dentro de casa, nas escolas e nas igrejas.
Porém, o assunto ainda é encarado como um tabu e com preconceito. E o silêncio das próprias vítimas agrava ainda mais a falta de atenção sobre o problema, uma vez que a maioria dos casos acontece na primeira infância, violando a integridade e identidade do sujeito. Nem sempre a vítima tem consciência da violência que está sofrendo devido ao fato de muitas vezes o abusador ser alguém do próprio convívio da criança ou adolescente.
QUAL O NOSSO PAPEL PARA PROTEGER NOSSAS CRIANÇAS?
Nossa constituição é clara quando determina que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, a proteção de sua dignidade. Nem todo mundo tem a verdadeira noção de que nossas crianças e adolescentes precisam dessa proteção, pois quando uma criança ou adolescente é vítima da exploração e abuso sexual, muitos outros direitos já foram violados.
Diante disso, qual é o nosso papel e responsabilidade enquanto sociedade? E enquanto igreja? Nossas crianças são o futuro da nação ou estamos negligenciando o presente delas? É preciso se informar e se atentar à melhor forma de combater esses crimes uma vez que o desenvolvimento físico, psicológico e emocional do sujeito está comprometido.
Nosso papel é enfrentar essa realidade que atinge uma grande parcela das crianças e adolescentes em nosso país, proporcionando ambientes seguros para viver, brincar, poderem se encantar, serem compreendidas, protegidas, viverem o verdadeiro significado de ser criança. Aprenderem a se cuidar, do cuidado com o seu corpo, estarem atentas ao que não é normal, e assim promovendo espaços de acolhimento e proteção, começando em casa e expandido para nossos espaços de convivência.
As denúncias podem ser feitas diretamente no DISQUE 100, a ligação é gratuita, funcionando todos os dias, 24 horas, na polícia militar pelo 190, ou polícia rodoviária no 192. O sigilo é garantido e as ligações podem ser feitas por telefone fixo ou celular.
Por Ana Clara Gonçalves – @anaclaragn. Mineira de Montes Claros/MG, psicóloga, pós-graduanda em Direitos Humanos e Responsabilização Social, atua com políticas públicas tanto no campo profissional, quanto no engajamento voluntario.